Jesus e suas genealogias contraditórias. Guilherme Born

Como resolver o problema das genealogias? Se Jesus era filho de Deus, como ele poderia herdar o trono, que era de José, que não era o seu pai?

Inicio

Analisando os textos

  Pré-Conclusão

O reino de Salomão durou para sempre?

  O fim do reino de Salomão
  A destruição

Messias, meio homem, meio Deus.

  2ª Pré-conclusão

Jesus e a linhagem de Jeconias

  Nascido de Uma Virgem
  A qualificação
  Conclusão Geral

Fontes

Início

Um dos maiores problemas a serem resolvidos pelos cristãos é a diferença entre as genealogias de Jesus encontradas em Mateus e Lucas. Tais genealogias tem a intenção de mostrar que Jesus era descendente de Davi e Salomão(?), cumprindo assim a profecia messiânica de 1ª Crônicas 17:11-14, que fala sobre o reinado de Salomão durar para sempre. Esta profecia é clara em afirmar que o trono seria ocupado pelo Messias eternamente.

O problema principal baseia-se no pai de José, Marido de Maria..

Mateus diz que Jacó “gerou” José.
Vejamos o texto:

Mateus 1: ...e Jacó gerou José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo.

Ou seja, a genealogia é clara em afirmar que Jacó foi pai biológico de José.
Vejamos agora a Genealogia em Lucas:

Lucas 3: 23 - Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era, como se pensava, filho de José, filho de Eli...

Em Lucas, temos que o pai de José foi Eli. Eli, de acordo com a genealogia, não era descendente de Salomão. Como resolver o problema? José era filho de quem afinal?

Primeiro, temos que observar alguns costumes judaicos da época relacionados a genealogias e a parentescos.

O antigo testamento está repleto de passagens onde avós ou bisavós são tidos como “Pai”, e também netos e bisnetos tidos como “filhos”. Este costume era comum ao se relatar que tal pessoa era descendente de outra. Assim, os judeus usavam os termos “pai ou filho”.

Outro costume muito comum, e que é encontrado até hoje, é o genro ser considerado como filho do sogro e/ou o sogro como pai do genro. Isso ocorria no momento em que um homem assumia uma mulher. Neste ato, o homem passava a ser também considerado como “filho” do Sogro.

Na língua inglesa, a palavra Sogro é traduzida por “Father in Law” (Pai na Lei) e Genro “Son in Law” (filho na Lei). De forma muito semelhante do que ocorria no primeiro século.

Um terceiro costume judaico da época era excluir mulheres de qualquer tipo de contagem. Isto se estendia também às genealogias. Quando uma mulher aparecia na genealogia, era apenas como ilustração ou informação adicional relacionada a um homem desta genealogia, porém não eram peças importantes nestas. Vemos em diversas passagens que a contagem era sempre feita aos homens. (mil e tantos homens e seus filhos, mulheres e animais). Ou seja, se fossem, por exemplo, contados 500 mil homens, o total geral de pessoas podia ultrapassar os 2 milhões, contando mulheres e filhos.

Agora vamos analisar a genealogia de Lucas, a mais controversa.

Muitos teólogos e cristãos (e nós também) consideram a genealogia de Lucas como sendo referida a Maria. Ou seja, na realidade, esta Genealogia é de Maria e não de José. Assim, Eli é pai de Maria e não de José, como aparece na genealogia.

Analisando os textos

Sete pontos a serem observados sobre esta afirmação:

1º - As diferenças entre as duas são muito grandes, evidenciando que se tratam de pessoas diferentes (José e Maria)
Se Lucas tivesse a má intenção de forjar uma genealogia, ele teria feito uma semelhante a de Mateus, porém ela é totalmente diferente depois que passa por Davi. Isso evidencia que ele estava descrevendo a família de outra pessoa, no caso possível, a de Maria.

2º - Lucas nos quer mostrar que José não faz parte daquela genealogia, pois ele coloca uma informação complementar a ela. ...Jesus, COMO SE PENSAVA ser o filho de José, Filho de Eli...
Lucas enfatiza José como parte da informação do que as pessoas pensavam sobre ele ser o pai, e não como José sendo parte desta genealogia.

3º - Lucas dá bastante ênfase aos acontecimentos com Maria no início do livro e continua dando bastante importância às mulheres (Maria, Madalena, as outras mulheres, etc.) durante todo o livro.
Essa é mais uma evidência de que a genealogia se refere à Maria. Os três primeiros capítulos dão total ênfase ao nascimento de João Batista e Jesus e aos acontecimentos que envolveram Maria. Todo o desenrolar da história termina na genealogia. Pela lógica, se Lucas relata todos os acontecimentos iniciais que envolvem Maria, terminando na genealogia, esta deve ser de Maria.

4º - Lucas, no capítulo 1 versículos 30-32 nos mostra que Maria também era descendente de Davi.30 Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! 31 Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus.32 Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi,
O Anjo é enfático em dizer que Maria era filha de Davi, ou seja, biologicamente, Jesus também era filho de Davi.

5º - Uma possibilidade é que, quando Lucas colocou “filho de Eli”, ele estava se referindo à Jesus. Vejam:
Jesus, como se pensava ser o filho de José, filho de Eli. Jesus = filho de Eli (Neto). Porque existe esta possibilidade? Porque José está ali apenas para a ilustração e complementação da Genealogia no que se refere a pensarem que ele era o pai, e não que José seja filho de Eli. Como Jesus não tinha pai biológico, substitui o título pelo do avô. Também não engloba mulheres. Então não se coloca Maria como sendo a filha.

6º - Que Lucas tenha colocado o sogro Eli como pai de José, de acordo com o que explicamos mais acima sobre casamento.
De acordo com o costume, o genro era tido como filho. Se a genealogia não comporta mulheres, seria viável que o genro fosse colocado como filho. Neste caso, não há contradição.

7º - O texto original pode ser traduzido de outras duas formas:
A palavra usada para “pensava” também significa, em termos mais gerais, “legalizado” ou “na lei”.
και αυτος ην ιησους αρχομενος ωσει ετων τριακοντα ων υιος ως ενομιζετο ιωσηφ του ηλι
Lk 3:23 And He, Jesus, when beginning, was about thirty years old, being a son (as to the law) of Joseph, of Eli, of Matthat, of Levi,

ενομιζετο – nomizo - fazer através de direito legal (uso), acostumar (passivamente, seja habitual); através de prorrogação, julgar ou considerar:--suponha, coisa, talvez seja.
Em um dicionário, o significado mais amplo de uma certa palavra sempre é colocado por primeiro, e, significados mais específicos ou de menos uso são colocados depois. Vejam que no dicionário grego, a palavra ενομιζετο é traduzida primariamente por “uso através de direito legal”.

8° - Em algumas traduções do NT, encontramos “como se pensava” e em outras “filho pela lei”
Ou seja, a mesma palavra pode significar que ele era filho de José “pela Lei” ou “como se pensava”

Mas o grego permite uma outra tradução alternativa, que soluciona completamente o problema:

Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, como se pensava de José, de Eli... Para melhor ilustrar, coloque parênteses na frase:

Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, (como se pensava de José), de Eli...

A mesma coisa acontece abaixo:
Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, pela lei de José, de Eli...

Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando começou seu ministério. Ele era filho, (pela lei de José), de Eli...

Traduzindo desta forma, vemos que o texto diz que Jesus é filho de Eli, e não que José é o filho de Eli. Sendo assim, Lucas utilizou o termo “filho” no lugar de “neto”, como várias vezes encontramos no AT. Lucas era judeu, e tinha costumes judeus.

Pré-Conclusão


Jesus foi filho de Davi por parte de mãe. Com a genealogia de Lucas, analisada em detalhes e em paralelo com o grego, podemos afirmar que esta se refere à família davídica de Maria. José é citado como filho de Eli por diversas possibilidades que descrevemos acima, mas em hipótese alguma podemos concluir que há uma contradição entre Mateus e Lucas, pois não é isso que o texto está nos mostrando. Ele não mostra que José é filho de Eli. Após esta análise, quem continuar crendo que há uma contradição, é por livre escolha.

O reino de Salomão durou para sempre?

Sabemos que o reino não durou para sempre. Ou seja, a bíblia não seria inspirada, pois esta profecia não se cumpriu.

Será mesmo? Vamos analisar o texto onde encontramos esta profecia em paralelo com o reino de Salomão.

Primeiro, vamos olhar em 1ª Crônicas, texto comumente usado pelos críticos:
O Senhor falando a Natã, sacerdote do reino de Davi, que transmitiria a este a mensagem de Deus:

1º Crônicas 17:11-15 - 11 Quando a sua vida chegar ao fim e você se juntar aos seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo, e eu estabelecerei o reino dele. 12 É ele que vai construir um templo para mim, e eu firmarei o trono dele para sempre. 13 Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Nunca retirarei dele o meu amor, como retirei de Saul. 14 Eu o farei líder do meu povo e do meu reino para sempre; seu reinado será estabelecido para sempre”. 15 E Natã transmitiu a Davi tudo o que o SENHOR lhe tinha falado e revelado.

Agora vamos olhar a mesma profecia, escrita provavelmente por um discípulo de Samuel, talvez o próprio Natã:

2 º Samuel 7:8-17 - 8 “Agora, pois, diga ao meu servo Davi: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eu o tirei das pastagens, onde você cuidava dos rebanhos, para ser o soberano de Israel, o meu povo. 9 Sempre estive com você por onde você andou, e eliminei todos os seus inimigos. Agora eu o farei tão famoso quanto os homens mais importantes da terra. 10 E providenciarei um lugar para Israel, o meu povo, e os plantarei lá, para que tenham o seu próprio lar e não mais sejam incomodados. Povos ímpios não mais os oprimirão, como fizeram no início 11 e têm feito desde a época em que nomeei juízes sobre Israel, o meu povo. Também subjugarei todos os seus inimigos. Saiba também que eu, o SENHOR, lhe estabelecerei uma dinastia. 12 Quando a sua vida chegar ao fim e você descansar com os seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo (até aqui, o texto está falando apenas de Davi), um fruto do seu próprio corpo, e eu estabelecerei o reino dele. 13 Será ele quem construirá um templo em honra ao meu nome, e eu firmarei o trono dele para sempre. 14 Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Quando ele cometer algum erro, eu o punirei com o castigo dos homens, com açoites aplicados por homens. 15 Mas nunca retirarei dele o meu amor, como retirei de Saul, a quem tirei do seu caminho. 16 Quanto a você, sua dinastia e seu reino permanecerão para sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para sempre”. 17 E Natã transmitiu a Davi tudo o que o SENHOR lhe tinha falado e revelado.

Vejam que a profecia do livro de Samuel é mais detalhada e nos revela que esta não foi direcionada a Salomão, mas sim a Davi. Reparem o trecho:

16 Quanto a você (Davi), sua dinastia e seu reino permanecerão para sempre diante de mim; o seu trono será estabelecido para sempre”. 17 E Natã transmitiu a Davi tudo o que o SENHOR lhe tinha falado e revelado.

(parênteses meu)

O que temos aqui? Temos que a profecia, dita como sido relacionada ao reino de Salomão, na verdade é relacionada ao reino de DAVI. Ou seja, o que duraria para sempre é o reino de Davi e não o de Salomão.

Vale pensar desta forma pois, no livro de II Samuel, o escritor era ou quase era uma testemunha ocular do evento (Natã transmitindo a mensagem), senão o próprio Natã. O livro, apesar de levar o nome de Samuel, não foi escrito por ele, pois Samuel já estava morto.
Já o texto de 1º Crônicas é muito mais resumido e a tradução para o português nos faz pensar que o texto se refere a Salomão, mas na verdade é uma profecia, ou uma promessa, direcionada a Davi. O texto pode inclusive dizer que era para Salomão, porém o resumo, a distancia do evento e outros fatores podem ter levado o escritor de crônicas resumir o relato pelo fato de Salomão ser o herdeiro, assim, o reino eterno direcionado a Davi, estendia-se, para o escritor, a Salomão.

Sendo assim, o Messias não tem a obrigação de ser descendente de Salomão, pois o texto nos revela que a profecia é para Davi. O reino de Salomão não continuou. Deus sabia que Jeconias o trairia e Ele amaldiçoaria seu sangue. Por isso ele nos registrou esta promessa para Davi, pois o reino viria por ele!

Temos que tomar o cuidado com a interpretação. Quando me refiro ao reino de Salomão, estou dizendo sobre o reino histórico, registrado e físico. Este não continuou. Já quando me refiro ao reino de Davi, este é o reino eterno, o que podemos chamar de reino espiritual, o reino de paz.

O fim do reino de Salomão

Como se pensava, a profecia messiânica de 1º Cronicas não se refere ao trono de Salomão, mas sim ao de Davi. Sendo assim, podemos concluir que o fim do reino de Salomão poderia ocorrer normalmente, pois Deus fez sempre uma distinção do Reino de Davi para com o de Salomão. Este, o reino histórico, e aquele, o reino eterno.

Usando o próprio texto, podemos mostrar que o reino de Salomão não durou.

1 Cronicas 17:11-14
Quando a sua vida (de Davi) chegar ao fim e você se juntar aos seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo (no caso Salomão), e eu estabelecerei o reino dele. 12 É ele que vai construir um templo para mim, e eu firmarei o trono dele para sempre. 13 Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Nunca retirarei dele o meu amor, como retirei de Saul. 14 Eu o farei líder do meu povo e do meu reino para sempre; seu reinado será estabelecido para sempre”.

Então, a profecia é clara em afirmar que o reino de Salomão será estabelecido para sempre. Pois bem, isso de fato ocorreu?

Resposta: Não, pois a profecia não é relacionada à Salomão. Esta é um interpretação equivocada, pois a mesma profecia, em 2 Samuel 7 nos mostra que se relaciona com o reino de Davi. Isso aconteceu porque, além desta em 1 Cronicas ser resumida, as traduções dão a entender tal. Como explicamos acima, o reino histórico não perpetuou.

Mas suponhamos que realmente seria o trono de Salomão eterno. YWHW também diz que destruiria Israel, deixando um remanescente, ou em termos mais chulos, um “resto”.

Amós 9: - 1 Vi o Senhor junto ao altar, e ele disse: “Bata no topo das colunas para que tremam os umbrais. Faça que elas caiam sobre todos os presentes; e os que sobrarem matarei à espada. Ninguém fugirá, ninguém escapará.
2 Ainda que escavem até às profundezas, dali a minha mão irá tirá-los. Se subirem até os céus, de lá os farei descer.
3 Mesmo que se escondam no topo do Carmelo, lá os caçarei e os prenderei. Ainda que se escondam de mim no fundo do mar, ali ordenarei à serpente que os morda.
4 Mesmo que sejam levados ao exílio por seus inimigos, ali ordenarei que a espada os mate. Vou vigiá-los para lhes fazer o mal e não o bem”.
5 Quanto ao Senhor, o SENHOR dos Exércitos, ele toca na terra, e ela se derrete, e todos os que nela vivem pranteiam; ele ergue toda a terra como o Nilo, e depois a afunda como o ribeiro do Egito.
6 Ele constrói suas câmaras altas, e firma a abóbada sobre a terra; ele reúne as águas do mar e as espalha sobre a superfície da terra. SENHOR é o seu nome.
7 “Vocês, israelitas, não são para mim melhores do que os etíopesc”, declara o SENHOR. “Eu tirei Israel do Egito, os filisteus de Caftord e os arameus de Quir.
8 “Sem dúvida, os olhos do SENHOR, o Soberano, se voltam para este reino pecaminoso. Eu o varrerei da superfície da terra, mas não destruirei totalmente a descendência de Jacó”, declara o SENHOR.
9 “Pois darei a ordem, e sacudirei a nação de Israel entre todas as nações, tal como o trigo é abanado numa peneira, e nem um grão cai na terra. 10 Todos os pecadores que há no meio do meu povo morrerão à espada, todos os que dizem: ‘A desgraça não nos atingirá nem nos encontrará’.

Mesmo que a profecia fosse direcionada à Salomão, a mesma estaria se referindo ao quesito “paz”. O reino do Messias seria como o de Salomão, um reino de Paz. O reino de Paz de Salomão duraria para sempre. O reino de paz de Salomão foi firmado para sempre.

Devemos atentamente fazer esta distinção. Davi foi o homem segundo o coração de Deus. O seu reino é o espelho do reino do Messias. Salomão, ao contrário, no final de sua vida, viveu na promiscuidade. Este fato iniciou a desgraça sobre o reino de Salomão, com seu filho Roboão, que fez tudo o que Deus não aprovava.

Apesar disso, Salomão viveu paz durante todo o seu reino. Se a profecia fosse relacionada ao seu reino, seria devido a este quesito, a PAZ.

A destruição

Deus destrói Israel completamente no ano 70 d.C, 5 anos depois do 2º templo ficar pronto, e 37 anos depois de Jesus ter dito estas palavras:

Mateus 24:2 - “Vocês estão vendo tudo isto?”, perguntou ele. “Eu lhes garanto que não ficará aqui pedra sobre pedra; serão todas derrubadas”.

O Reino e a nação foram destruídos. Hoje, apenas a nação está em pé, devido a intervenções políticas e humanitárias (em 1945).

Ou seja, de fato, de acordo com a profecia, o reinado duradouro seria o de Davi e não o de Salomão. Assim excluímos a necessidade do Messias ser descendente de sangue de Salomão.

Mas então, Deus disse que o reino de Davi seria eterno. Sendo assim, ele não deveria estar intacto? Sendo reinado pelo Messias?

Para respondermos, precisamos conhecer a figura do Messias e como ele seria, de acordo com as profecias sobre ele e o seu reino.

Messias, meio homem, meio Deus.

De acordo com algumas profecias do AT, o messias seria o Filho de Deus e o próprio Deus. Porém ele seria humano. Ou seja, teria a natureza humana e a natureza divina. Vamos ver:

Salmo 2-12 - 1 Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão?
2 Os reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido (Messias), e dizem:
3 “Façamos em pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!”
4 Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles.
5 Em sua ira os repreende e em seu furor os aterroriza, dizendo:
6 “Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte”.
7 Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: “Tu és meu filho; eu hoje te gerei.
8 Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade.
9 Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro”.
10 Por isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra.
11 Adorem o Senhor com temor; exultem com tremor.
12 Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente, pois num instante acende-se a sua ira. Como são felizes todos os que nele se refugiam!

Vejam em Isaías 9: 6 Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.
7 Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso.

Vemos, nestes dois textos, que o Messias (ungido) seria um com Deus. Ou seja, ele teria a natureza divina e humana.

Como o Filho de Deus profetizado no Salmo 2, o Messias, sendo Deus com o pai, assumiria a forma humana – sua natureza secundária, e ATRAVÉS DELA, ELE DESCENDERIA DE SALOMÃO E REINARIA NO TRONO DE DAVÍ.

Profecias como esta, nos mostram que ele seria humano (um menino) e Divino (pai Eterno, Deus forte).

Segundo as profecias, o Messias seria Divino?

Alguém pode me mostrar que Ele seria apenas humano?

Para harmonizar em si estas duas naturezas opostas, o “Messias verdadeiro” não podia ter um pai natural (biológico) e deveria ser gerado de forma sobrenatural para isso.

Se ele fosse gerado por ambos os pais humanos, então o Messias se tornaria completamente humano. E como apenas a mulher tem o corpo capaz de gerar um filho, então o Messias não poderia deixar de ter uma mãe humana que o gerasse em seu ventre e lhe desse a natureza humana. Mas se tivesse também um pai, não seria o Messias Verdadeiro, mas sim um Falso Messias, e não seria Filho de Deus – POIS SERIA COMPLETAMENTE HUMANO - DESCENDENTE BIOLÓGICO DE HUMANOS! COMO CONCILIARIA AS DUAS NATUREZAS DO MESSIAS?

Jesus foi o único que cumpriu as condições necessárias do VERDADEIRO MESSIAS.
A natureza principal e primária do Messias, sendo a divina, impossibilita qualquer outro homem ou ser humano de alegar ser o Cristo, Filho de Deus... Pois como um Falso Messias, que não provém de Deus, poderia ter a natureza de Deus, como o verdadeiro Messias teria de ter? E Jesus teve?

Curiosamente, na época de Jesus, Tibério César, filho ADOTIVO de Augusto César, foi o Imperador Romano de 14 a 37 d.C. Mesmo sendo filho adotivo,Tibério teve direito ao trono do Império Romano.

Mas no caso de Jesus, ele foi considerado filho legal de José. Não foi adoção. Jesus não foi um filho adotado por José. Ele o seria caso fosse filho de um outro homem, porém não o é!
Embora não tivesse do sangue paterno de José, ele também não tinha sangue paterno de nenhum outro homem. Foi um caso único e SOBRENATURAL, conforme era necessário que fosse o nascimento do Messias Prometido. A única criança gerada sem um pai, justamente como o Messias teria de ser.

Mas o Messias, por ser também humano, teria de ter um pai legal, e como não foi gerado por homem nenhum, o mais correto seria que o esposo de sua mãe lhe desse seu nome e sua paternidade - e foi o que José fez, através do sonho em que Deus lhe revela a origem da criança no ventre de Maria.

Outro ponto interessante é o fato de o judaísmo não esperar um messias de nascimento virginal. Para eles, o messias seria descendente de Davi, por parte de pai, justamente pelo fato da coroa vir apenas por pai. Assim, o messias seria humano como qualquer outro, mas com “poderes” vindos de Deus. Isso refuta qualquer tentativa de críticos alegarem que os escritores e discípulos forjaram o nascimento virginal para dar status de deus a Jesus.

2ª Pré-conclusão

Como o Messias prometido seria Filho de Deus, o único meio para Deus habitar entre os homens, e sob a forma e condição de homem ser um descendente de Salomão e herdar o trono de Davi, seria a encarnação [mistério pelo qual o Filho de Deus se fez homem, unindo a natureza divina à humana]. A encarnação é a realidade pela qual o Messias herdaria o trono de Davi, e reinará para sempre (Daniel 7:13,14).

13 “Em minha visão à noite, vi alguém semelhante a um filho de homem, vindo com as nuvens dos céus. Ele se aproximou do ancião e foi conduzido à sua presença.
14 Ele recebeu autoridade, glória e o reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.

Jesus e a linhagem de Jeconias

Outra coisa interessante é que, sendo descendente de José, Jesus não poderia ter de seu sangue porque José era da linhagem de Jeconias.

Jeremias 22:30 – 30 Assim diz o Senhor: “Registrem esse homem como homem sem filhos. Ele não prosperará em toda a sua vida; nenhum dos seus descendentes prosperará nem se assentará no trono de Davi nem governará em Judá.

Isto tem sido muito questionado, mas ao contrário do que muitos pensam, este incrível cumprimento qualifica ainda mais Jesus como o Messias, e torna sua genealogia mais impressionante ainda!

Caso o Messias viesse por outro descendente de Salomão, que não fosse Jeconias, ele poderia ser filho biológico, mas caso fosse descendente de Jeconias, o Messias não podia ser descendente da linhagem direta (ou biológica) de Jeconias. O Messias não poderia herdar de seu sangue - uma condição quase impossível de se cumprir, - mas foi através desta condição quase impossível e inesperada que o Messias veio, e herdou o trono de Davi, porque Jesus CONTORNOU A MALDIÇÃO DE SANGUE, o que nenhum outro homem que não fosse o messias poderia fazer.

A profecia de Jeremias não se trata de uma maldição hereditária, mas sim de uma rejeição da linhagem natural e biológica de Jeconias.
(...) nenhum dos seus descendentes prosperará nem se assentará no trono de Davi nem governará em Judá.

No tempo do Profeta Jeremias, Deus se encheu e pronunciou uma maldição de sangue sobre a linhagem de Davi, dizendo que nenhum filho do Rei Jeoaquim reinaria mais sobre Israel (Jeremias 22.30). A linhagem Davídica, iniciada com Salomão, estava aparentemente terminada e a promessa de Deus à Davi quebrada. O Messias tinha que vir da linhagem real, no entanto agora havia uma "maldição de sangue" sobre aquela mesma linhagem!

O Ramo

Entretanto, antes de a nação ser levada para Babilônia, enquanto um Rei davídico ainda se assentava no trono, Deus fez Ezequiel anunciar que a linhagem estava sendo suspensa e que não seria restaurada até que "venha aquele a quem pertence de direito" (Ezequiel 21.27), trazendo à mente a profecia de Jacó. Uma desgraça! Uma desgraça! Eu farei dela (coroa) uma desgraça! Não será restaurada, enquanto não vier aquele a quem ela pertence por direito; a ele eu a darei.

Em 519 AC, depois de os Judeus retornarem do cativeiro Babilônico, Deus disse que um homem que Ele chamou de “O Ramo” seria o rei, e que Ele teria o sacerdócio também, combinando os dois (Zacarias 6.12). Diga-lhe que assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aqui está o homem cujo nome é Renovo (o Ramo), e ele sairá do seu lugar e construirá o templo do SENHOR.

Existem quatro referências ao Ramo no Antigo Testamento, e todas apontam para o Messias.

Nascido de Uma Virgem

Mas como Deus contornaria a maldição de sangue? Para a resposta a isso, temos que voltar até por volta de 750 AC. Naquele tempo duas das mais específicas profecias messiânicas jamais proferidas estreitaram o campo a uma única possibilidade. Em Isaías 7.14 o Senhor proclamou que o Messias seria nascido de uma virgem, e em Miquéias 5.2 que ele nasceria em Belém, a Cidade de Davi.
 
Os críticos e Judeus contestam o texto de Isaías, ao se referir à nascimento Virginal. Alegam que a palavra “almah”, não significa virgem, mas sim moça Jovem. Alegam que o texto foi adulterado por Mateus, forjando assim um nascimento virginal para Jesus.

Mas felizmente, as datas não mentem. Mateus utilizou-se dos escritos da Septuaginta para escrever seu livro. Na septuaginta, a palavra hebraica “almah”, está traduzida como “virgem”. Detalhe: a Septuaginta foi escrita 400 anos antes de Mateus nascer. Então porque a palavra almah foi traduzida por virgem?

O texto de Isaías é uma sombra da profecia que se cumpriria em Jesus. Ele se refere a um filho do profeta, que serviria como espelho do messias.

O significado “moça jovem” é o significado mais “amplo”, porém virgem é um significado mais específico, como explicado no inicio deste estudo. Por algum motivo que desconhecemos, os tradutores da septuaginta, que eram hebreus e falavam grego, traduziram desta forma.

A língua hebraica é bastante limitada, dando diversos significados para uma mesma palavra. Temos palavras que podem ter mais de 20 significados. Já o grego constitui-se de uma riqueza léxica extraordinária. Todas as coisas tem sua própria palavra, e a palavra “virgem” tem sua correspondente correta no grego, o que no hebraico não existe. No hebraico, temos bethulah, que é usada quase sempre para “Cidade Virgem”, ou Virgem Nação. Uma referencia à mocidade das pessoas de tais cidades.

Cremos que tais tradutores, por conhecer o real significado da palavra “almah” do texto de Isaías, a traduziram como virgem.

A qualificação

A fim de se qualificar legalmente para se assentar no trono de Davi, o Rei Messias teria que ser da casa e da linhagem de Davi. Ser da casa de Davi significa ser um descendente biológico de Davi. Ser da linhagem de Davi significa pertencer à Linhagem Real. Como isso pode ser?

Quando lemos as genealogias do Senhor em Mateus 1 e Lucas 3, podemos ver diferenças começando no tempo de Davi. a genealogia de Mateus corre através de Salomão, a Linhagem Real amaldiçoada. Mas a de Lucas corre através do irmão de Salomão, Natã. A linhagem de Natã não foi amaldiçoada, mas eles também não eram reis. Maria era da família de Natã. Assim, José e Maria eram descendentes de Davi, e em adição José era um dos muitos que eram herdeiros do trono de Davi, mas incapazes de o reclamar devido à maldição sobre sua linhagem.

Então, através de Sua mãe Maria, Jesus era um descendente biológico de Davi.

QUANDO MARIA E JOSÉ SE TORNARAM MARIDO E MULHER, ELE TAMBÉM SE TORNOU O FILHO LEGAL DE JOSÉ E HERDEIRO DO TRONO DE DAVI, MAS, NÃO SENDO BIOLOGICAMENTE RELACIONADO A JOSÉ, NÃO TINHA A MALDIÇÃO DE SANGUE.

Até o presente Ele é o único homem nascido em Israel desde 600 AC com direito legítimo ao trono de Davi. O anjo Gabriel confirmou isso a Maria quando anunciou sua gravidez iminente, dizendo que Ele o ocuparia para sempre (Lucas 1.32-33). Isto mostra que Jesus é absolutamente o único capaz de ser o Messias.

Conclusão Geral

Jesus é de fato o Messias.

1 - Era descendente de Davi através de Maria;
2 - Maria era descendente de Davi;
3 - Deus sempre se referia ao trono de Davi e não de Salomão. Uma alusão de que o trono vindo de Salomão não seria o trono “Eterno”;
4 - Eli era de fato o sogro de José e não seu pai;
5 - As profecias messiânicas fazem menção ao messias com natureza divina e humana, assim como foi Jesus;
6 - O Senhor retirou o trono da família de Salomão;
7 - O Senhor nos diz que o Messias seria rei e sacerdote, uma sombra do que seria o Messias (homem e Deus). Nos diz também em Isaías e em Salmos que ele seria humano e divino ao mesmo tempo;
8 - O Messias era divino e humano, portanto não poderia ter um pai biológico, senão seria totalmente humano;
9 - O Senhor disse que a descendência de Jeconias não reinaria mais em Israel, amaldiçoando esta;
10 - O sangue de José era amaldiçoado desde Jeconias;
11 - O Messias não podia ter o sangue amaldiçoado, pois não seria Deus;
12 - Com o nascimento virginal, o Messias não seria contaminado como sangue amaldiçoado;
13 - O judaísmo esperava um Messias humanamente comum, e não um com nascimento virginal;
14 - Jesus não é descendente biológico de Jeconias, mas sim legalmente, da mesma forma que José de Eli;
15 - Jesus foi tido como filho legítimo e não adotivo, pois ele não era filho de outro homem. Assim, José o recebeu como filho legítimo;
16 - As profecias dizem que o trono era de Davi e do Senhor, que este reinado (do Senhor) é que duraria para sempre e que o Messias reinaria nele para sempre, assim, apenas o próprio Deus poderia reinar eternamente. Sendo o messias humano e divino, tem a credencial certa!

Fontes:

NVI – Nova versão internacional
King James
Septuaginta
Massorética

Estudo inspirado por debates no Orkut e pela resposta no site “Yahoo respostas” de um rapaz chamado Danilo.
Link: http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080304125916AA8zqte&show=7